Temos uma ideia superficial acerca do pecado e creio que o estudo de todas estas ofertas específicas deixe isso bem claro. Em um mundo secularizado e domesticado pelo relativismo, o pecado foi transformado em peça de museu no acervo de um contexto religioso ultrapassado. Desde que as leis dos homens não sejam violadas, o conceito do que é certo e do que é errado depende do ponto de vista de cada um. E até mesmo as leis que dantes asseguravam o mínimo de justiça e de moral estão sendo modificadas a fim de atender os desejos de uma sociedade que cada vez mais se torna escrava da “liberdade” que pretende defender.
Somente através das lentes do Céu, conseguimos visualizar o perfil do pecado e identificá-lo como “fake” de um inimigo que joga cada vez mais sujo. E se tem uma estratégia maligna que tem dado muito certo é a de incutir na mente humana que o diabo é uma lenda e o pecado não existe. Esta mentira tem destruído famílias e enfermado a humanidade. Na ausência de um padrão ou modelo correto a ser seguido, o homem, falível e corrupto, tem sido transformado à sua própria imagem, negando a sua origem como ser criado à imagem e semelhança de Deus (Gn.1:26). Mesmo que não nos seja mais exigido todo o aparato de sacrifícios ou a restituição obrigatória, há um dever que cumpre a todo homem: “Teme a Deus e guarda os Seus mandamentos; porque isto é dever de todo homem” (Ec.12:13).
Em cada oferta oferecida, em cada sacrifício realizado, o pecador podia contemplar o resultado do pecado e o alto preço que um dia seria pago. No caso de pecados voluntários, o sacrifício tinha particular significação. Quem o oferecia sabia que ali estava porque voluntariamente anuiu com o pecado; conhecia o estabelecido por Deus como errado e mesmo assim prosseguiu em ir de encontro com a vontade divina. Esta “oferta pela culpa” (v.6) não era um escape para se cometer pecados, afinal, lá estava ela para aliviar o furor de um Deus irado. De forma alguma. De todas as ofertas estabelecidas, creio que seja a que mais revela qual seja o sacrifício agradável a Deus e o Seu infinito amor pela raça caída.
Na sequência de nosso estudo acerca da peregrinação de Israel, veremos que, por vezes, o Senhor precisou intervir no meio do povo e exterminar parte dele. Mas por que o Senhor lhes tirou a vida quando havia a possibilidade da oferta pelos pecados voluntários? Porque o Senhor não deseja a entrega de ofertas, mas a entrega do ofertante. Muitos pensavam: “Vou pecar, mas não tem problema. Depois vou no templo e ofereço uma oferta pela culpa”. Se o Senhor não tomasse uma providência, este tipo de atitude contaminaria todo o arraial. Assim como negar a existência do pecado é uma estratégia maligna, torná-lo um costume é tão maligno quanto, é pecado “contra o Espírito Santo” (Mc.3:29).
Há um fogo a arder do altar do Senhor de forma contínua. São os olhos do Salvador, “como chama de fogo” (Ap.1:14) voltados para a humanidade, declarando continuamente o Seu desejo de salvá-la. Ele deseja transformar a nossa vida levedada em “coisa santíssima” (v.17). Não permita que o pecado cauterize o seu coração. Se você está lendo esta mensagem é porque as misericórdias do Senhor se renovaram mais um dia em sua vida. Não perca a oportunidade e o privilégio de ser purificado e santificado pela verdade (Jo.17:17). “Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb.3:15).
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1-7 Aqui descobrimos que roubar envolve mais do que somente retirar algo de alguém. Encontrar algo e não devolvê-lo ou recusar devolver algo emprestado são outras formas de roubo. Estes são pecados contra Deus e não apenas contra seu vizinho, um estranho ou um grande negócio. Se você obteve algo irregularmente, então confesse seu pecado a Deus, peça desculpas ao proprietário e devolva os itens roubados – com juros. Life Application Study Bible.
A transgressão contra o próximo requer a restauração do valor perdido mais o acréscimo da “quinta parte” (v. 5) e a oferta de um sacrifício a Deus (cf. Mt 5.24). Bíblia de Genebra.
2 cometer ofensa contra o Senhor. De ma’al, “agir dolosamente”, “agir de má fé”. CBASD – Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 1, p. 796.
negar ao seu próximo. A negação de uma verdade ou a mentira aqui descrita é, primeiramente, uma transgressão contra Deus e depois um pecado contra o próximo. … No caso de mentir conscientemente e ainda reter o que pertencia a outro era uma dupla transgressão – roubar e mentir. O ofensor seria culpado de pecado deliberado. CBASD, vol. 1, p. 796.
o que este lhe deu em depósito. Ou “em parceria” (KJV), como sociedade ou contrato. Em sociedade, o cristão deve exercer uma constante vigilância para que cada sócio receba o que lhe é devido; e, em contrato, deve haver fiel desempenho de ambas as partes no acordo. Não deve haver intenção de enganar, nem levar vantagem em falhas, mas sim um cuidado zeloso pelos interesses do outro sócio. Se assim não for feito, o homem que transgride é culpado. CBASD, vol. 1, p. 796.
3 tendo achado o perdido, o negar com falso juramento. De algum modo, isto é mais sério do que os casos precedentes, pois a pessoa não apenas mente, mas firma sua mentira por meio de juramento legal ou não. Em ambos os casos, ela é culpada de jurar falsamente. CBASD, vol. 1, p. 796.
Ver Dt 22.1-3. Bíblia de Estudo NVI Vida.
4 restituirá aquilo que roubou. A restituição é parte vital do que Deus requer da pessoa que deseja se livrar da culpa do pecado. Nesses casos, convicção do pecado, tristeza e confissão sozinhas não são suficientes. Todos esses são passos desejáveis em direção ao reino, mas não bastam. Eles devem ser acompanhados de arrependimento tão profundo e completo que a alma culpada não descanse até fazer todos os esforços a fim de retificar o erro praticado. Isso, em muitos casos, inclui restauração e devolução com juros do que foi tomado, bem como todo esforço necessário para corrigir o erro. Os frutos dignos de arrependimento mencionados por João incluíam restituição (Mt 3:8). CBASD, vol. 1, p. 797.
5 jurou falsamente. A mentira é um dos pecados mais comuns hoje e, aos poucos, está se tornando respeitável. … A Bíblia é clara quanto ao assunto da verdade e não aceita menos que isso. Deus é “o Deus da verdade” (Is 65:16; Sl 31:5; Dt 32:4). … A paixão pela verdade deve motivar o cristão. Ele é o representante do Deus da verdade e não deve levantar falso testemunho de modo algum. Deve amar a verdade acima de tudo, pois é a verdade que o liberta (Jo 8:32). … Uma pessoa cheia do amor da verdade será verdadeira em todos os relacionamentos. Ela odiará e desprezará toda pretensão e hipocrisia; seus motivos jamais serão questionáveis. … Terá a reputação de alguém cuja palavra é digna de confiança. CBASD, vol. 1, p. 797, 798.
6.8 – 7.36. Tendo falado aos leigos a respeito das leis dos sacrifícios, Moisés agora se dirige aos sacerdotes, especialmente sobre o direito deles sobre uma partilha nos sacrifícios. Bíblia de Genebra.
9 holocausto. Cristo, o sumo sacerdote da nova aliança, ofereceu o derradeiro holocausto em Seu corpo; ele estava inteiramente consagrado a Deus, sofrendo a morte pelo pecado e provocando a morte do crente para o pecado (Rm 6.2-7). Bíblia de Genebra.
11 O sacerdote tinha a obrigação de limpar as cinzas do altar, depois de ter oferecido um holocausto, usava, para isso, vestes especiais, calças e túnica de linho, laváveis, que se usavam tão-somente para o contato direto com o altar. Quando removia as cinzas pela manhã, deixava-as ao lado altar, trocava suas vestes, colocando suas roupas normais de sacerdote, e depois removia as cinzas para algum lugar “limpo” (e não para um depósito de lixo, que seria considerado impuro), fora do arraial. Bíblia Shedd.
12 O holocausto [oferta totalmente queimada] era apresentada de manhã e de tarde por toda a nação (veja Êx 29:38-43). Life Application Study Bible.
As ofertas contínuas, que se ofereciam duas vezes por dia, sem falta, eram uma expressão da dedicação de Israel ao seu Deus. Bíblia Shedd.
12, 13 Mantenha-se aceso o fogo no altar, não deve ser apagado(NVI). O primeiro fogo que acendeu a lenha do sacrifício depois da consagração formal de Arão como sacerdote, foi ateado por Deus, 9.24. Essa origem sobrenatural do fogo no altar serve para nos ensinar que se um sacrifício pode ser feito pelo homem, é só a graça de Deus que o consome, que o torna aceitável, que faz dele um meio de expiação. Nenhum fogo feito pelo homem poderia ser usado no altar do Senhor, e por isso mesmo é que era tão importante que os sacerdotes conservassem sempre acesa a chama que veio a existir de maneira tão notável. O pecado de oferecer sacrifícios com “fogo estranho”, fogo ateado pelos homens e não por Deus, foi justamente o que provocou a morte de Nadabe e Abiú, 10.1-2.O holocausto [oferta totalmente queimada] era apresentada de manhã e de tarde por toda a nação (veja Êx 29:38-43). Bíblia Shedd.
O fogo santo no altar deveria se manter queimando porque foi Deus quem o acendeu. Isso representava a eterna presença de Deus no sistema sacrifical. Mostrava ao povo que somente pelo favor gracioso de Deus seus sacrifícios poderiam ser aceitáveis. O fogo de Deus está presente na vida de cada crente, hoje. Ele acende o fogo quando o Espírito Santo vem viver em nós e cuida disso de modo que cresçamos na graça ao andarmos com Ele. Quando nos tornamos cientes de que Deus habita em nós, temos confiança em nos achegarmos a Ele por perdão e restauração. Life Application Study Bible.
13 o fogo arderá continuamente. O próprio Deus alimentava esse fogo (Lv 9:24). Os judeus afirmam que o fogo queimou continuamente até o cativeiro babilônico. … Manter o fogo aceso requeria grande suprimento de madeira. Os sacerdotes ajuntavam a lenha uma vez por ano e convidavam o povo a ajudá-los. CBASD, vol. 1, p. 798.
14 oferta de manjares (ARA; NVI: oferta de cereal). Assim como a oferta de manjares representava os frutos da obediência, ela também prenunciava a vida de Cristo em perfeita obediência e gratidão a Deus. Bíblia de Genebra.
18 Todo varão.Esta expressão se restringe aqui aos homens que serviam no culto do tabernáculo. Antes de atingirem a idade de 30 anos, os homens não podiam entrar no lugar santo, Nm 4.3, 23, 30, 39. Bíblia Shedd.
28 vaso de barro … vaso de bronze. Um vaso de louça não vitrificada absorveria alguns sucos, não podendo ser lavado ao ponto de ficar bem limpo, como o bronze. Bíblia Shedd.
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