"Vamos dialogar, gente. Vamos ouvir quem pensa diferente.”
Escute que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas uma produção literária machista, misógina e equivocada. Só escute. Não questione. Concorde e chame isso de diálogo entre pessoas de “opiniões diferentes”.
Entreviste alguém que diz que a história da criação é um mito e balance a cabeça concordando. Chame isso de “dialogar com o diferente”. Entreviste quem prega o panteísmo, que não existe uma verdade absoluta, que a verdade muda de acordo com você e sua experiência pessoal.
Encantada/o entreviste alguém que diz que a ressureição de Jesus não aconteceu. Só ouça apaixonadamente e continue chamado isso de “diálogo com quem pensa diferente”.
Deus disse “mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá” (Gênesis 2:17)
Satanás disse “não morrerás” (Gênesis 3:4) [Serás plena, livre, absoluta. Serás uma deusa.]
Eva ouviu e muito convicta traiu o Criador em um “diálogo” rápido com o destruidor. Bastou uma pergunta e uma resposta. Puff! Interação e engano concluídos com sucesso.
Imagine entrevistar a incredulidade por uma hora. Imagine ler, estudar, conviver… se demorar sem questionar. Só receber. Só se deleitar.
Por que “não sentar na roda dos escarnecedores?” (Salmo 1:1) Pra que cuidar com as “conversações que corrompem o bom caráter?” (1 Coríntios 15:33)
Ah, mas desculpe. Estou usando textos bíblicos. Referenciados por homens. Querem ver teologia sem a Bíblia machista. Eu deveria citar um texto de Clarice Lispector. Aí, sim. Ganharei uma estrela entre as estrelas.
Mas eu sou da geração X. Cringer pra mim é pouco. Pago o mico de acreditar no que acredito. Há coisas que pra mim “não tem conversa”. É sim, sim. Não, não. “O que passar disso vem do maligno” (Mateus 5:37).
Mas, amados, deixem falar. Cada um fala o que quer e o que pensa nos seus espaços. Não quero esse direito só pra mim. Falem. Pra eu não me calar, falem.
Darleide Alves (Instagram)