Sacerdotes usavam maconha no Santuário de Israel?


O cânhamo usado na composição do incenso teria alguma relação com a droga?

maconha

Recentemente, em uma entrevista concedida ao comediante Rafael Bastos, o ex-pastor presbiteriano Caio Fábio afirmou que uma das substâncias supostamente contida no incenso oferecido a Deus no antigo santuário israelita era a maconha. Conhecido por declarações polêmicas como a de que a Bíblia não é exatamente a Palavra de Deus (“A única palavra de Deus é Cristo! Quem disser que é a Bíblia, é herege”, 26/8/2020, YouTube), Caio Fábio afirmou que o cânhamo usado no incenso do santuário seria a maconha que compunha “o combinado que enchia o templo de fumaça”.

Segundo o site HempMeds, “é importante entender que o cânhamo e a maconha são plantas da mesma espécie, a Cannabis sativa. No entanto, ambas são geneticamente distintas e geralmente utilizadas para finalidades diferentes”.

“A suposta conexão entre qaneh-bosem e a cannabis simplesmente não existe. Note primeiro que qaneh-bosem são duas palavras em hebraico, não uma. E as palavras são facilmente traduzidas: qaneh significa um talo ou junco, e bosem significa ‘cheiro doce’. Alguns estudiosos traduzem as palavras juntas para se referirem à ‘cana aromática’, ‘cana perfumada’ ou ‘cana-de-cheiro’, e outros ‘cálamo doce’ ou ‘cálamo perfumado’. Mas nem um único léxico acadêmico de hebraico bíblico no mundo conecta essas palavras com a maconha. […] Também é certo, por várias razões fonéticas e linguísticas, que a palavra cannabis, que vem do grego kannabis, não está relacionada a essas duas palavras hebraicas. Não há mais conexão entre o hebraico qaneh-bosem e o grego kannabis do que entre as palavras ‘Moisés’ e a palavra inglesa ‘mice’ [camundongos]” (A Bíblia e o Jornal).

Valer-se de alucinações para uma suposta conexão com Deus trata-se de um costume praticado por algumas religiões místicas, incluindo uma corrente do islamismo chamada sufismo. Os dervixes rodopiam por horas a fio e entram em transe. No judaísmo e no cristianismo bíblico isso simplesmente não existe, e chega a ser uma heresia afirmar que no incenso do santuário haveria algum tipo de droga psicoativa, uma vez que foi o próprio Deus que orientou a produção da mistura que compunha o incenso.

Obs.: Conforme Caio Fábio diz no vídeo, encontraram resquícios de canabis num dos altares de Tel Arad. Só que, em primeiro lugar, Tel Arad era um templo sincretista de Israel que, ao que tudo indica, estava desassociado e em ruptura com o templo de Jerusalém (talvez fosse até seu concorrente). Segundo: o resquício não pode ser datado com certeza absoluta dos tempos bíblicos, pois a amostra estava contaminada. Terceiro: a etnologia proposta entre Moisés e canabis chega a ser ridícula do ponto de vista acadêmico.

Fonte: https://michelsonborges.wordpress.com/


Veja mais conteúdos no nosso site: www.mundoadventista.com.br

Acesse o canal no Youtube: Mundo Adventista

Postagem Anterior Próxima Postagem