RUACH HÁ KODESH – ESPÍRITO SANTO?

A Bíblia Hebraica contém material vasto e, algumas vezes, até único sobre o Espírito do Eterno, o problema esta em quem lê os textos e em sua atitude meramente doutrinária.  A ideia é usar o texto prova na tentativa de mostrar ou não uma possível personalidade para o Espírito de D’us, no entanto a Bíblia parece nos querer apresentar indutivamente a Sua atuação em nos guiar do que fazer deduções de como Ele seja.

Vou lhe fazer uma pergunta; você sabe o que é uma manga? Creio que sim, porém, eu lhe digo que depende!

Depende do contexto em que a palavra “manga” é citada, por exemplo:

  1. A manga é doce, estou falando de uma fruta.

  2. A manga está amarrotada, agora falo de uma manga de camisa.

  3. Os animais estão soltos na manga, isto é no pasto.

  4. Manga tem uma população de 30.000 habitantes, agora falo de uma cidade no estado de Minas Gerais.

Conclusão, o contexto define o significado da palavra “manga”, assim se dá com a palavra “espírito”.

Espírito como “folego de vida”

Logo de início no livro de Bereshit/Gênesis 02:07 encontramos o “fôlego”:

“E o Eterno Deus formou o homem (Adám) do pó da terra, e soprou em suas narinas o (neshamah) alento de vida e o homem tornou-se alma viva. ”

No ato criativo, o Eterno, junta a terra e o alento, sopro, fôlego e aquele boneco transforma-se em “humano”, isto é, feito da terra, um ser vivo, uma alma vivente. A centelha de vida havia sido soprada e o milagre da Criação ocorrera.

“…D’us acrescentou Seu fôlego estimulante de vida (neshamah), algumas vezes chamado de “espírito”. Esse fôlego não constituía uma substância separada que foi despejada numa forma inerte e vazia modelada do pó, mas apenas o poder divino doador de vida que transformou o pó em um ser vivo. A Bíblia mostra com isso que o fôlego de vida não representa uma segunda entidade, acrescentada ao corpo como se fosse um ingrediente, capaz de existir separadamente. Trata-se de um poder energizante procedente de D’us, que transformou o corpo terreno em um ser vivo (nefesh hayyah)”[1]

fôlego de vida 2

Já o profeta Ieshaiáhu/Isaías fala da vida, o “neshamah” divino como um “sopro”, relacionando-o a Criação do homem:

נְשָׁמָה 
(feminino)

Fem./Plural: נְשָׁמוֹת 
Transliteração: nshamah 
Tradução: alma; respiração

“Retira tua confiança do ser humano, cuja vida é como um sopro, pois muito pouco ele significa e nada faz que mereça ser glorificado”. 02:22

“E vieram a Noé, à arca, dois de cada um, de toda criatura em que havia alento de vida” Bereshit/Gênesis 07:15, no verso 22 é traduzido por “espírito de alento de vida em suas narinas”.

A palavra hebraica para espírito por vezes vem da tradução de “neshamah” que significa “respiração” e de Ruach que “pode ser traduzida por vento, espírito, alma, atmosfera[iii].

Porém, esse alento ou fôlego, tradução da palavra “neshamah” que significa “respiração” não é privilégio somente dos seres humanos, no entanto Moisés utilizou outra palavra para o mesmo fato, “Ruach”.

רוּחַ 
(masculino e feminino)

Fem./Plural: רוּחוֹת 
Transliteração: ruach 
Tradução: vento; espírito

O sábio Sh’lomoh/Salomão no seu livro Cohélet/Eclesiastes 03:19 e 20 é bem enfático em sua descrição de humanos e animais em relação ao espírito (Ruach):

“Pois o que acontecer a um ou outro, conduz ao mesmo resultado, sendo a morte de um é igual ao do outro, tendo ambos o mesmo espírito e sendo nula a superioridade do homem sobre os animais, pois tudo é vão e fútil. Ao mesmo destino se encaminham, tendo vindo do pó e a ele retornando.”

Naturalmente este texto traz algumas complicações, porém, quando se entende pelo contexto que, “mesmo espírito”, é o alento ou fôlego de vida, isto é, a centelha de vida e existência que o Criador partilha com todo ser vivente o teor da declaração é amenizado. Note que a associação da palavra “Ruach” com “pó da terra” sempre indica fôlego ou alento de vida e é paralela a  “neshamah”, respiração.  Vejamos alguns exemplos:

“Quando escondes Teu rosto se perturbam; quando lhes tiras o fôlego expiram, e ao pó retornam.” Salmo 104:29

“Quando seu alento se exala, à terra retorna e nesse mesmo dia perecem os seus desígnios”. Salmos 146:04

“Volta assim o pó à terra de onde veio, e retorna o espírito a Deus, que o concedeu.” Cohélet/Eclesiastes 12:07

Precisamos reconhecer que neste texto o escritor inspirado não diz que uma entidade consciente vai para o Céu, mas, que o fôlego/centelha da vida volta ao Doador da Vida, o Criador.

רוּחַ 
(masculino e feminino)

Fem./Plural: רוּחוֹת 
Transliteração: ruach 
Tradução: vento; espírito

A mesma palavra hebraica “Ruach” vai se repetindo:

“Mas há um espírito em cada ser humano, e é o alento do Todo-Poderoso que lhe proporciona o entendimento.” Ióv/Jó 32:08

Espírito como “Entendimento”

Agora adentraremos em outro contexto bíblico onde a palavra “Ruach” também é empregada. Você deve se lembrar de quando o povo de Israel estava para entrar na terra prometida e foram enviados 12 espiões para percorrer a terra.

Na volta, o relatório da “inteligência” israelita da época passa as informações a Moshe/Moisés, apresentaram os povos que ali viviam e Calebe toma a frente e num ímpeto diz:

“Subamos e herdemo-la, porque certamente prevaleceremos contra ela!” Bamidibar/Números 13:30.

Os demais espiões disseram que era impossível a tomada da terra e logo depois o Eterno faz uma declaração elogiosa para Caleb:

“Porém, o Meu servo Calev, porquanto nele houve outro espírito e perseverou em seguir-Me…” Bamidibar/Números 14:24

mente.jpg

Agora, “espírito” já não é mais fôlego ou alento.

No Salmo 78:08 encontramos uma declaração sobre a fidelidade requerida e que alguns antigos israelitas não haviam mantido:

“Eles não se comportarão como seus pais, uma geração contumaz e rebelde, uma geração que não soube dedicar a Deus seu coração e cujo espírito não manteve fidelidade ao Eterno.”

O sábio Shlomoh/Salomão entre seus diversos provérbios destacou a temperança ou autocontrole pessoal como uma virtude inestimável:

“O que tarda em irar-se é melhor que o poderoso, e o que disciplina seu espírito vale mais que o que conquista uma cidade.” Mishlê/Provérbios 16:32

Iehezkel/Ezequiel 11:19 destaca a disposição do Eterno nosso D’us em mudar e converter o coração mau em um novo coração, uma nova vida:

“E lhes darei um novo coração e lhes infundirei um novo espírito; e retirarei seu frio coração de pedra e lhes darei um sensível coração de carne…” (veja também 18:31 e 21:07)

Assim, dentro deste contexto a palavra “Ruach” apresenta o significado de entendimento, mente, coração e desejo.

Anjos como Seres Espirituais

Os anjos são seres espirituais e são os “ministros” do Rei, como são chamados na canção de sexta-feira à noite na entrada do Shabat – anjos ministrantes.

Os anjos têm cada um sua própria missão e, de fato, o nome anjo em hebraico (mal’ach) significa mensageiro. D’us criou estes anjos com inteligência superior em relação aos seres humanos. Estes anjos podem ser tanto anjos “bons” como “ruins”, o que determinou seu status foi sua escolha no inicio do conflito entre o bem e o mal.

anjo

Os anjos como espíritos racionais tem personalidade, nomes, tarefas, eles também tem sentimentos e exercem o livre arbítrio, adoram a D’us ou não como no caso dos que se tornaram demônios, estes ruach/espíritos malignos ou anjos caídos aparecem 11 vezes no Tanach.

Em várias ocasiões os Sábios judeus falaram de anjos como presentes na vida dos seres humanos,  e a sua presença é notória na Torá e no Tanach como um todo:

Um anjo socorreu Hagar (Gn 16:7-12);

  1. Anjos anunciaram o nascimento de Isaque (Gn 18 -15 );

  2. E a destruição de Sodoma (Gn 18:16-33);

  3. Anjos destruíram Sodoma e salvaram Ló (Gn 19:1-19);

  4. Um anjo impediu a morte de Isaque (Gn 22:11,12);

  5. Anjos guardaram Jacó (Gn 28:12; 31:1 l; 32: l; 48:16);

  6. Um anjo comissionou Moisés a redimir Israel (Êx 3:2);

  7. Um anjo guiou Israel no deserto (Êx 14:19; 23:20-23; 32:34);

  8. Um anjo dirigiu os esponsais (contrato de noivado) de Isaque e Rebeca (Gn 24:7);

  9. A Lei foi dada por anjos (At 7:38,53; Gl 3:19; Hb 2:2);

  10. Um anjo repreendeu Balaão (Nm 22:31-35 );

  11. Um “príncipe do exército do Senhor” apareceu a Josué (Js 5:13-15);

  12. Um anjo repreendeu os israelitas por sua idolatria (Jz 2:1-5);

  13. Um anjo comissionou Gideão a livrar Israel (Jz 6:11-40);

  14. Um anjo anunciou o nascimento de Sansão (Jz 13);

  15. Um anjo feriu o exército assírio (II Rs 19:35; Is 37:36);

  16. Um anjo acudiu Elias quando este fugia de Jezabel (I Rs 19:5-8);

  17. Eliseu esteve cercado de anjos invisíveis (II Rs 6:14-17);

  18. Um anjo livrou Daniel dos leões (Dn 6:22);

  19. Anjos acamparam-se em redor do povo de Deus (Sl 34:7; 91:11);

  20. Anjos ajudaram Zacarias a escrever (Zc 1:9; 2:3; 4:5) etc.,

Espírito de D’us

Não sei se você reparou que nos três usos apresentados acima a palavra “Ruach” em relação ao ser humano e aos anjos não se referem a uma entidade espiritual que tem vida independente após a morte tipo um espírito imortal, esse pensamento é ausente no Tanach.

No entanto a palavra “Ruach” é também aplicada a D’us e aqui, a exemplo da “manga”, novamente muda-se o contexto e consequentemente altera-se o significado.

Agora, você pode perguntar, aplicando-se ao Eterno, o que “espírito” significa?

Bem, ignorando as controvérsias e os partidos religiosos, a palavra “Ruach” aplicada a D’us, utilizando a Bíblia como única regra de fé, vemos que “Ruach” tem um significado diferente dos três anteriores aplicados ao ser humano e a anjos, afinal, o Eterno é infinitamente único em Sua natureza divina.

Não podemos aplicar uma visão antropomórfica a Ele, isto é, não podemos fazer D’us a nossa imagem querendo que o “espírito” humano seja um modelo para se entender o Ruach há Kodesh.

A Natureza Divina

Quando entramos no território sagrado da natureza de D’us devemos levar conosco a consciência de que somos meras criaturas finitas e falíveis tentando discutir o Infinito.

Em relação a quem D’us realmente é, conhecemos muito pouco, por isso falar de D’us é falar de um Ser que transcende nossa experiência de vida e que supera nossa compreensão, estando além de qualquer sistematização do pensamento humano.  D’us é singular e isso O distingue do humano, nunca podemos nos esquecer disto.

Seríamos tolos se  achássemos que podemos compreender os absolutos divinos de Seu ser, o mais sábio entre nós  deve ficar em silêncio. E, portanto, qualquer modelo de pensamento, exemplo, símiles ou analogia que tente apresentar a natureza de D’us é, inevitavelmente, imprecisa. Na melhor das hipóteses, pode-se pegar alguns lampejos de Sua identidade divina mediante a Sua auto revelação nas Escrituras inspiradas. 

Shekinah

“Para onde eu poderia ir se me quisesse afastar de Teu espírito? Se aos céus ascendesse, lá Te encontraria, e se ás profundezas me lançasse, também lá estaria…Tua mão me continuará a conduzir e Tua destra a me sustentar…” Tehillim/Salmo 139:07-10 – Bíblia Sêfer[i]

O Ruach há Kodesh representa a atividade de D’us na Terra, normalmente é sinônimo para o próprio D’us. Ele guiou os patriarcas e inspirou os profetas com mensagens de conforto, mas por vezes de repreensão, Abraão Ben David de Posquiéres, alegou que o Ruach Há Kodesh aparecera em sua academia. Há uma promessa, comentada pelos sábios judeus, que nos tempos do Mashiach, o Santo Espírito seria dado plenamente.[ii]

Espírito de D’us com “E” maiúsculo

Na Bíblia Hebraica apenas três textos usam a expressão exata “o Espírito Santo”, são eles o Salmo 51:11, Isaías 63:10, e Isaías 63:10, já em outros textos é mencionado como o Espírito do Senhor ou Espírito de D’us totalizando 123 vezes o uso de Ruach em relação ao Eterno.

Na Torah, o fundamento do ensino bíblico, há cinco passagens que apresentam o “Espírito de D’us” e nenhuma sobre o “Espírito do Senhor”.

Bíblia Hebraica II

Na época de Josué o Espírito de D’us não é citado, embora o próprio Josué seja o homem aonde “há o Espírito”, Num. 27:18. Isaías afirma que o Espírito guiava o Seu povo no deserto, Isaías 63:11. Neemias reafirma a presença do Espírito em 9:20, 30 e veja também Zac. 7:12, para os ensinar.

No período dos Juízes menciona sete vezes a obra do Espírito utilizando a expressão “Espírito do Senhor” ao comissionar os juízes de Israel para sua tarefa.

Em resumo no Tanach encontramos a palavra “Espírito” referindo-se a D’us na seguinte distribuição:

  • Torah = 16 vezes.

  • Profetas = 79 vezes.

  • Escritos = 28 vezes.   

Vejamos alguns casos:

Em Shemuel Bet/II Samuel 23:02  e 03 encontramos a descrição que Davi faz de sua experiência com o “Ruach há Kodesh”:

“O espírito do Eterno falou em mim, e a Sua palavra está na minha língua. Disse o Deus de Israel, a rocha de Israel falou-me…”.

Uma personalidade distinta parece destacar-se, não é mais folego ou entendimento, assim, passo a grafá-Lo com “E” e não mais com “e” o Espírito de D’us.

Na Torá, Moshe/Moisés escreveu em Shemot/Êxodo 31:03 a 06 que o Ruach de D’us distribuiu dons espirituais:

“E fiz com que ficasse repleto do espírito de Deus, em ciência, em inteligência, em saber e em todas as artes, para pensar em obras de mestre, para trabalhar em ouro, em prata e em cobre e na arte de gravar pedras de engaste e na arte de entalhar madeiras para fazer toda obra. E Eu, eis que designei… pus ciência, e farão tudo que te ordenei…” (Veja também Ieshaiáhu/Isaías 11:01 e 02, 61:01 e 02 Sêfer) 

Parece-nos que a atividade do Espírito do Eterno está intimamente ligada a Sua atividade em Seu povo, Ele através do Seu Espírito delega e capacita os homens.

Dentro desta análise das Escrituras, reafirmamos que nos parece que o “Ruach” dependendo do contexto transmite uma ideia diferente de “fôlego, alento” e “entendimento, coração”. O Espírito é pessoal. 

Ainda…

“E o Eterno apareceu na nuvem e falou-lhe; e tirou do espírito que estava sobre ele e o pôs sobre os setenta homens, anciãos; e assim que pousou sobre eles o espírito, profetizaram naquele dia, e depois nunca mais. ” Bamidbar/Números 11:25

Aqui o Ruach que estava sobre o Eterno, não era “sopro ou entendimento, vontade, coração”, mas saiu de D’us e foi colocado sobre os homens, há uma unidade indissolúvel entre o Eterno e Seu Espírito. 

Vejamos ainda outro exemplo da Torá:            

“E Bilam levantou seus olhos e viu Israel acampado por tribos; e veio sobre ele o espírito de Deus. E proferiu sua parábola e disse: ‘Palavras de Bilam ben Beor, e palavras do homem de olho aberto. Palavras daquele que ouve os ditos de Deus, que vê a visão do Todo-poderoso…” Bamidbar/Números 24:03 e 04.            

Nos parece que Bilam entrava em visão de olhos abertos, ao contrário dos médiuns espíritas, porém, o notório é que ele ouvia o Ruach há Kodesh, ouvia os ditos de D’us e contava suas parábolas, Ele falou os “ditos” do Eterno.            

No livro do profeta Iehezkel/Ezequiel, o Ruach teve uma performance bem destacada. Neste livro ele aparece diversas vezes, veja por exemplo 03:12,22-24, 8:01-05, 11:01,24, 37:01 e 02.            

Quem é esse “Espírito” que sempre atua tão diretamente sobre os profetas?            

No capítulo 11:5 ele é designado de “espírito do Eterno” e no capítulo 36:27 é dito “Meu espírito”, assim também no 37:14, já nos capítulos 01:03, 03:14,22, 33:22, 37:01, 40:01 o Espírito do Eterno é chamado de “mão do Eterno”, tão mais interessante é no capítulo 8:01 a 05:            

“…a mão do Eterno Deus pousou sobre mim. Observei e percebi algo que se assemelhava ao fogo; de seu meio para cima parecia fogo e de seu meio para baixo era resplandecente como o cobre em fusão. E estendeu para mim uma forma de uma mão e me segurou por um cacho de cabelo; e um espírito me levantou entre a terra e o céu… e me trouxe a Jerusalém…ali estava a glória do Deus de Israel…”            

Interessante que na visão ele parece ter visto uma silhueta de um ser glorioso que estendeu uma semelhança de mão, segurou pelos cabelos e o trouxe até Jerusalém para ver a glória do D’us de Israel, a mão do Eterno que o segurou era a mão do Ruach que o levantou, lembra o ensinamento de alguns sábios judeus que ensinavam sobre um ser de luz que entra em contato com o homem representando a “Shechiná” divina.

Santo

Em Ieshaiáhu/Isaías 06:03 os serafins de seis asas e que estavam na presença de Hashem clamavam um ao outro:            

“Santo, Santo, Santo é o Eterno dos Exércitos; Sua glória envolve o mundo inteiro.”

Naturalmente que o “Ruach” é Santo!            

O rei David em sua confissão do pecado de adultério e assassinato faz um apelo sentido:

“Não me afastes da Tua presença, nem retires de mim o espírito da Tua santidade.” Tehillim/Salmo 51:13              

O rei inspirado faz um paralelismo característico da literatura hebraica, “afastes” X “retires” e “Tua presença” X “espírito da Tua santidade”.             

A presença de D’us é a presença do Espírito.            

É encontrado também um paralelo entre o “Ruach” e o “Shechiná” a presença divina que se manifestava no Tabernáculo no deserto e no primeiro Templo, onde pombas jovens e rolas eram as únicas aves oferecidas nos sacrifícios, tornando-se a pomba na tradição judaica como a imagem da Presença Divina, ou “Shechiná” o “Ruach há Kodesh”.            

Sendo assim D’us habitava com Seu “Ruach” tanto na Terra Prometida em Seu Tabernáculo como habita, nos crentes, os templos vivos espalhados em seu exílio após o primeiro século da era comum.            

Segundo a tradição judaica o pecado contra o “Ruach”, principalmente o pecado do orgulho afasta a “Shechiná”, a presença da santidade divina o “Ruach há Kodesh”. O pecado contra o Espírito acarreta num pecado imperdoável devido a sua natureza de arrogância e pretensa independência de D’us.              

Qual conclusão que podemos chegar comparando estes quatro usos da palavra “Ruach”?     

Que um espírito pode ter personalidade, sentimentos, emoções e livre arbitrio próprios como o mostram os anjos e demônios.           

Já o Ruach humano pode ser entendido em duas formas:

1ª como fôlego, alento e respiração

2ª como mente, entendimento, coração.            

Já o “Ruach há Kodesh” é diferente do “Ruach” humano e dos anjos, pois, Sua atuação consiste nas seguintes atividades divinas:

  1. O “Ruach” falava através dos profetas como falou através de Davi.

  2. O “Ruach” distribui dons como na construção do Tabernáculo, etc.

  3. Em diversas ocasiões o “Ruach” habitou, pousou, esteve sobre as pessoas capacitando-as a realizar uma grande obra e vencer desafios.

  4. O “Ruach” ministra através de parábolas exortativas, ensina com maestria.

  5. Ele é designado por “Espírito do Eterno”, “Meu Espírito”, “Mão do Eterno”, “Santo Espírito”.

  6. E finalmente o “Ruach” é chamado de Espírito Santo, “Ruach há Kodesh”, sedimentando sua total singularidade e mantendo totalmente distinto do “Ruach” humano que é apenas fôlego, alento ou entendimento, coração, ou dos anjos e demônios.

  7. O “Ruach há Kodesh” representa a atividade de D’us na Terra, normalmente é sinônimo para o próprio D’us.

“A natureza do Ruach há Kodesh é um mistério. Os homens não a podem explicar, porque o Eterno não lho revelou. Com fantasiosos pontos de vista, podem-se reunir passagens da Escritura e dar-lhes um significado humano; mas a aceitação desses pontos de vista não fortalecerá a kehilá. Com relação a tais mistérios – demasiado profundos para o entendimento humano – o silêncio é ouro” (AA, contextualizado p. 52).            

Quais seriam os cuidados ao se interpretar a palavra Ruach/Espírito?                 

Na tabela abaixo cruzamos a palavra “espírito” com seus significados de forma aleatória, e o resultado serão falsos ensinos:

Slide1

Assim, devemos respeitar aquilo que o contexto das Escrituras nos ensina de forma clara e profunda:

Slide2

Rosh Wladimir

Revista Virtual da Herança Judaica   

Para mais estudos paralelos acesse:

https://herancajudaica.wordpress.com/2018/05/24/beit-hamikdash-o-corpo-como-templo-do-espirito-santo/

[1] Tratado de Teologia ASD, págs. 355 e 356.

[i] Neste artigo só utilizamos a Bíblia Hebraica Sêfer, daí o motivo pelo qual a palavra “Espírito” é grafada como “espírito”.

[ii] Unterman, Alan – Dicionário Judaico de Lendas e Tradições, pag. 233.

[iii] http://www.hebraico.pro.br/dicionario/qdrsdic.asp

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