Amazing Grace (Graça Excelsa)


Este lindo hino cristão, talvez o mais popular, também reconhecido por Sublime Graça ou Graça Excelsa, já esteve entre as músicas mais tocadas e foi cantado e interpretado por diversos artistas. Constantemente reinterpretado, já compôs mais de 11.000 álbuns. Na Biblioteca do Congresso dos EUA há registrado mais de 3.000 gravações diferentes de Amazing Grace. Entre os artistas famosos que interpretaram esta canção podemos ver Elvis Presley, Diana Ross, Alan Jackson, os grupos Celtic Woman, Il Divo, The Tenors, e por aí vai, se procurarmos a lista é extensa. Entre 1970 e 1972, a gravação de Judy Collins passou 67 semanas nas paradas de sucesso, isso nos EUA, e alcançou o número 5. 

No pior momento da pandemia na Europa em 2020, enquanto milhares morriam por dia, Andrea Bocelli fez uma live no dia 12 de abril na Catedral Duomo, Milão, com transmissão para o mundo de uma das mais belas versões deste hino sendo capaz de deixar qualquer um com aquele nó na garganta.





Ainda, é constantemente citado em pregações, filmes e séries, já foi usado como título de filmes, documentários e álbuns de músicas. Importada das ilhas britânicas apareceu pelo sul dos EUA na época da escravatura e ganhou sua própria versão, cantado constantemente por escravos e abolicionistas virou uma canção símbolo pela libertação. O romance norte-americano antiescravagista “A Cabana do Tio Tom”, que foi um marco na luta pela abolição e afundou ainda mais as relações norte e sul, faz uma forte referência a esta canção. De lá, das terras norte-americanas, ganhou o mundo. Foi e continua a ser cantada por manifestantes na luta pelos dos direitos civis, esteve presente quando Martin Luther King Jr. fez o seu discurso “Eu Tenho um Sonho”, estava na libertação de Nelson Mandela e na queda do Muro de Berlim, e foi símbolo de conforto para o luto de um povo perante os atentados do 11 de setembro. Mas como esta bela música surgiu? E por quem foi escrita? Qual a sua história para continuar a ser tão aclamada e cantada entre os povos?

Existe um relato bem interessante do cantor gospel norte-americano Wintley Phipps sobre a sua história ter uma fundamentação no estilo musical Espiritual Negro. O compositor John Newton era um escravagista e se tornou um abolicionista. Porém, quem fez a melodia possui um nome totalmente desconhecido, Phipps diz que gostaria de conhecer este desconhecido no céu. Existem duas ideias de onde a melodia surgiu, uma que a melodia era usada por escravos que foram levados para as Américas e veio de um deles para ser incorporada ao hino. A outra é que vem dos primeiros colonizadores da Escócia, posição considerada pelo professor e pesquisador Bruce Hindmarsh o qual ligou a melodia da canção a notas de antigas canções europeias populares.

O autor John Newton viveu de 1725 a 1807, quando jovem, aos 11 anos, já tinha ido para o mar com o seu pai. Em 1744, foi recrutado pela Marinha Real mas conseguiu transferência para os navios negreiros em busca de fortuna. Apesar de um começo promissor como um escravagista na costa de Serra Leoa, Newton mais uma vez se viu em uma situação difícil. Contraiu malária e se recuperou, porém, logo enfrentaria outra provação durante a qual foi inspirado e fortalecido pelas palavras do livro Imitação de Cristo escrito por Tomás de Kempis.

Newton estava a bordo do navio quando durante a noite de 21 de março de 1748 uma violenta tempestade estourou. Momentos depois de deixar o convés, o tripulante que ocupara seu lugar foi levado para o mar. Embora ele tenha conduzido o navio durante o restante da tempestade traz mais tarde que um comentário na qual reconheceu sua impotência perante a violência da natureza e tumulto por ela causada, concluindo que somente a graça de Deus pode salvá-lo. Incitado pelo que havia lido em Kempis, Newton deu o primeiro, embora pequeno, passo para sua conversão a Cristo. Nas palavras de seu hino, esse incidente marcou “a hora em que acreditei pela primeira vez“. Ele continuaria até 1754 a bordo de navios negreiros, abandonando o tráfico por problemas de saúde.

Sua conversão real ocorreria apenas após estes incidentes. Acabou por conhecer pregadores proeminentes de sua época e ficar amigo de George Whitfield e John Wesley. Sua imersão na fé o levou a crescer e se tornar, em 1764, vigário coadjutor da igreja paroquial de São Pedro e São Paulo em Olney, cargo que ocupou por quase 16 anos. Ele se tornou um escritor e compositor conhecido em sua época, seus livros e canções também foram traduzidos para outras línguas. Enquanto preparava o seu culto de ano novo no final de 1772, baseava sua pregação e canção em 1 Crônicas 17. Conforme relatos históricos e nitidamente percebidos na letra da canção são a ressonância de uma transformação pessoal de um homem pecador que foi salvo por Jesus para se transformar em seu imitador. Porém também há relatos de que a composição do hino foi para buscar salvar seu amigo William Cowper de uma profunda depressão.

A amizade entre Cowper e Newton levou a composição final de “Faith’s Review and Expectations” nome original que seria alterado para Amazing Grace. O texto foi ajustado para a melodia do hino “New Britain“. Mas seria em 1788 que Jhon pediria perdão publicamente por ter se envolvido no tráfico de pessoas ao escrever o panfleto intitulado Thoughts Upon the African Slave Trade (Reflexões sobre o comércio de escravos na África). Começa então a denunciar e em detalhes como era o sequestro de pessoas na África e a sua viagem forçosa a uma vida de escravidão, adicionando vozes ao coro da luta pela abolição, entre estas vozes, William Wilberforce. Fato que se concretizaria na Inglaterra nove meses antes de sua morte em 1807.

Este hino continua sendo uma inspiração para trabalhadores que voltam de sua labuta para o descanso sabático. Com palavras sinceras e simples continua a inspirar homens e mulheres em sua luta por libertação e igualdade. Como cristão vejo que as palavras desta linda canção continuam adentrando os corações de todos e enquanto houver a necessidade de esperança este hino não terá fim até Jesus voltar. Sejamos imitadores de Cristo!!

No hinário adventista o hino está com o nome de Graça Excelsa, nº 208. 

Fique abaixo com a bela interpretação do hino por Joyce Zanardi e Wintley Phipps, clipe do filme Libertos.


Também te deixou duas dicas de filmes em inglês, mas você poderá usar as legendas em português disponibilizadas pelo youtube. Ambos estão disponibilizados gratuitamente. O primeiro é um filme modesto produzido para a TV pela Vision Video, mas bem interessante abordando a vida de John Newton. Intitulado “Graça de Newton: A verdadeira história da incrível graça”.



E o segundo um breve documentário sobre a vida de Newton e o surgimento do hino Amazing Grace produzido pela Oxvision Films. Intitulado “Incrível Graça: a história por trás da música”.



Amazing Grace, (Sublime Graça/Maravilhosa Graça), 1772, Inglaterra.
Música Cristã escrita por Jhon Newton.

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