Países
como Japão, Alemanha, Estados Unidos e China, que estão à frente na corrida pela inovação e
desenvolvimento tecnológico, reconhecem que o investimento
em pesquisa é estratégico para obter resultados. Isso transparece na porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) que destinam anualmente
especificamente para esse fim, como mostra a pesquisa de Indicadores Nacionais de Ciência,
Tecnologia e Inovação publicada
em 2018. No ano anterior, 2017, o Brasil havia direcionado 1,26%, contra 4,55% da Coreia do Sul.
Isso gera
reflexos diretos na política educacional, que estimula estudantes a
interessarem-se por temas científicos e dedicar-se à pesquisa. No entanto, salvo algumas exceções, no território nacional o primeiro
contato com o
universo da investigação científica
se dá apenas nos cursos universitários, seja em disciplinas isoladas ou como exigência
na elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Mas e se esse interesse fosse despertado ainda na infância? É o
que a Sociedade Criacionista Brasileira
(SCB) se
propõe a fazer por
meio do livro Acaso ou planejamento? Uma Perspectiva Criacionista Bíblica, lançado para ser uma contribuição
para a iniciação científica de nível básico. A obra, de 605 páginas, está dividida em cinco grandes áreas:Universo, sistema solar e natureza; Planeta Terra, geografia física e meio ambiente; Vida vegetal na Terra; Vida animal na Terra, e, por fim, O ser humano.
“Este livro é voltado para professores e alunos, principalmente
da educação básica. Queremos que eles tenham contato, logo cedo, com o
pensamento científico, mas também com a visão de um Deus criador, que também
provê explicações claras sobre a natureza e o funcionamento ordenado do mundo”,
pontua o geólogo Marcos Costa, presidente da SCB e diretor do Instituto de
Pesquisa em Geociência para oito países da América do Sul.
Embora seja um conteúdo impresso, ele traz um diferencial: mais de 400 exemplificações
visuais em vídeo, que podem ser acessadas via QR codes. O diálogo entre material físico e digital não apenas desperta a curiosidade do leitor, como
o ajuda a conhecer exemplos reais a respeito do assunto, amplia Costa.
Alicerce permanente
Durante a apresentação e dedicação da obra, realizada em Brasília nesta quinta-feira, 5 de novembro, na sede
sul-americana adventista, o presidente da denominação para oito países da América do Sul, pastor Erton Köhler, ressaltou a contribuição que a Sociedade
Criacionista Brasileira tem dado à divulgação não apenas da ciência, mas dos princípios
bíblicos.
Em sua mensagem, ele sublinhou que todo o conteúdo encontrado na Bíblia e o propósito divino com a vinda de
Cristo, tanto em sua primeira quanto em sua segunda, perdem seu valor quando não se reconhece e aceita a
Deus como Criador e o relato do que Ele fez como algo literal. Ao comparar aquilo que foi executado por intermédio divino no
Gênesis com a promessa de recriação do planeta no livro do Apocalipse, Köhler assegura que o último ponto deixa de fazer sentido
ao não se considerar aquilo que foi estabelecido no início da história do mundo e do ser
humano.
“Se
perdermos essa mensagem, as demais perderão completamente o sentido. Nós não somos contra a
ciência. Se
assim fosse, não
teríamos uma
rede de educação,
sociedades. Nós entendemos que nosso papel vai além da ciência. Nós cremos nos
processos naturais, mas em um Deus sobrenatural, que pode interferir nos
processos naturais”,
defende ele.
Natureza como um livro
O livro é uma ampliação da inspiração juvenil Natureza Viva, publicada em 2001 pela Casa Publicadora Brasileira (CPB).
De autoria do pastor e jornalista Francisco Lemos, o conteúdo preparado na
virada do século trazia
curiosidades da natureza e a relação com a Bíblia. Com a mesma proposta, contém diversos quadros
explicativos, figuras
e informações
sobre o
homem, o universo e a
vida vegetal e animal.
O contato íntimo com a natureza faz parte da vida de Lemos desde
a infância. “Na
minha época ninguém tinha celular”, brinca em entrevista por telefone. “Quando chovia, ia tomar banho, brincar, pegar
rãs, sapos, peixes.” Quando seus filhos nasceram, queriam que eles
participassem do clube de Desbravadores. Além de ter atuado como diretor, ampliou
e aprofundou seus conhecimento devido às especialidades (semelhante a cursos)
oferecidos aos juvenis e adolescentes.
Além disso, por quase 18 anos ele foi editor da revista Vida
e Saúde, a
publicação mais antiga sobre o assunto em circulação no Brasil. Nela, também respirava divulgação
científica, estando mais perto de descobertas que repercutiram ao longo de aproximadamente
duas décadas.
“A
natureza é uma linguagem que alcança a todas as pessoas, mas tem uma atração sobre o público infanto-juvenil. É a partir desse aspecto que o livro pode ser
tornar fecundo, viável para esse público. A maioria das coisas que vão para o laboratório saíram da natureza”, reforça Lemos, que incentiva os pais,
sobretudo em um período em que a tecnologia virtualiza diversas experiências, a passar mais
tempo com os filhos nos campos, em zoológicos. “Lá existem os apelos visuais, texturas. As folhas têm formatos diferentes, cores, elevações. Tudo isso é muito apelativo para a mente infantil.”
Diálogo possível
Produzir um conteúdo que apresente o diálogo entre ciência e criacionismo
para essa
faixa etária já
era um sonho da SCB, como detalha o doutor Ruy Camargo Vieira, um dos co-autores da obra, ao lado do filho, Rui Corrêa Vieira. “Nós queremos mostrar que a
ciência verdadeira é perfeitamente compatível com o criacionismo, ou vice-versa. A verdadeira
ciência examina as obras do Criador e tira suas próprias conclusões. Nós apresentamos nesse livro
não só a natureza criada
por Ele, mas o Criador da natureza. A base é a mesma, mas a cosmovisão é
diferente”, esclarece.
Acaso ou Planejamento? Uma Perspectiva Criacionista Bíblica já está disponível no
site da SCB e deverá ganhar uma versão em espanhol. O conteúdo também é
recomendado para
professores e alunos da Educação Adventista; clubes de Desbravadores e Aventureiros; e aos departamentos de Família, Jovens e Publicações.