1 Também. … o cap. 8 deve ser considerado uma sequência do 7 e, portanto, uma explicação, ou esclarecimento dele. … O tempo da profecia é aproximadamente o mesmo que o do capítulo anterior, no final de 735 ou início de 734 a.C.
Ardósia. Do heb. gillayon, “tablete”.
Maeer-Salal-Baz (AA). Literalmente, “rápido-despojo-presa-segura”. Este nome, registrado num tablete, tinha o propósito de indicar a iminência da invasão assíria predita em Isaías 7:17 a 25. Por cerca de um ano antes do nascimento da criança, esse nome foi testemunha muda da mensagem simbólica para os habitantes de Jerusalém, dando-lhes ampla oportunidade de considerar seu significado.
2 Testemunhas. Para atestarem a autenticidade e, desse modo, enfatizar a importância do documento.
3 Profetisa. E esposa de Isaías também devia ter o dom profético e o auxiliava em seu ministério. As mulheres que exerciam esse dom eram chamadas de “profetisas” (Jz 4:4; 2Rs 22:14; 2Cr 34:22; Lc 2:36).
4 Meu pai. Com a idade de um ano, uma criança em geral sabe dizer “papá” e “mamá”. Antes que a criança tivesse dois anos, os assírios devastariam Israel e Síria. Essa profecia se cumpriu em 732 a.C., quando Peca e Rezim perderam seus tronos, e, mais tarde, a vida (Is 7:16; cf. 2Rs 15:30; 16:9). … Israel e Síria caíram nas mãos da Assíria. Judá foi poupado por um tempo. … De acordo com 2 Reis 15:29 e 30, nos dias de Peca, Tiglate-Pileser tomou “a Gileade e à Galileia, a toda a terra de Naftali, e levou os seus habitantes para a Assíria”, e Oseias matou Peca e tomou seu trono. E, de acordo com 2 Reis 16:7 a 9, quando Acaz pediu a ajuda da Assíria, Tiglate-Pileser tomou Damasco, levou cativo seu povo e matou Rezim. Em vez de confiar na ajuda divina, Acaz pediu a Tiglate-Pileser para salvá-lo das mãos dos reis de Israel e da Síria (2Rs 16:7). Mas, ao fazer isso, Acaz abriu as portas para a destruição de Judá. O cronista declara que, por causa de Acaz, o Senhor humilhou a Judá e, embora Tiglate-Pileser tenha atendido, ele “o pôs em aperto, em vez de fortalecê-lo”(2Cr 28:19, 20).
8 Águas de Siloé. Este aqueduto fluía da fonte de Giom, numa caverna na colina oriental de Jerusalém, cujas águas formavam um riacho que enchia o antigo Tanque de Siloé. … Essas águas calmas de Siloé representavam a mensagem de segurança contra a Assíria, implícita no nome Emanuel, “Deus conosco”. Recusar as águas calmas de Siloé era o mesmo que recusar o conselho de Deus. Ao buscar ajuda da Assíria, Acaz atraiu sobre Judá “as águas do Eufrates, fortes e impetuosas”, pois “o rio”, “o rei da Assíria”, transbordaria “por todas as suas ribanceiras”e inundaria “a largura da tua terra [Judá]”(v. 7, 8).
7 As águas do Eufrates. Aqui, o rio Eufrates simboliza a Assíria (ver com. de Js 24:2; cf. Jr 47:2). … Os assírios com frequência se referiam a seus exércitos como uma inundação que destruía nações.
8 Penetrarão em Judá. Por causa de sua desobediência e descrença, a terra de Judá não permaneceria totalmente livre do ataque da Assíria. Israel pereceria por completo, mas Judá não seria vencido inteiramente. Pequena a princípio, a inundação cresceria em tamanho até “ao pescoço”de Judá (ver Is 30:28). A história registra que, ao final, toda a terra de Judá, com exceção da cidade de Jerusalém, caiu temporariamente nas mãos da Assíria (ver com. de 2Rs 18:13).
Emanuel. A menção do nome Emanuel é um lembrete de que Israel podia ter tido Deus com eles. Israel, porém, perdeu por completo a presença divina, e o mesmo quase aconteceu com Judá. Muitos dos líderes do povo de Judá tinham abandonado ao Senhor, e como resultado Sua presença não poderia estar com eles.
9 Ó povos. Ou, “ó nações”. Isaías fala às nações pagãs que pensariam em “tomar conselho” (cf. v. 10, ARC) contra Deus e as adverte que “Deus está conosco”. Na forma poética do v. 9, “ó povos” forma um paralelismo com “de países longínquos”.
10 Forjai projetos. Deus é capaz de reduzir a nada todos os planos dos ímpios para frustrar Seu propósito. Ele fez isso nos dias de Acaz.
Deus é conosco. Do heb ‘Imannu ‘El, as mesmas pessoas transliteradas no v. 8 como Emanuel. Os v. 9 e 10 apresentam o significado da mensagem, centrada em Emanuel, que Deus estava tentando imprimir no coração do povo. No fim, os planos dos assírios não prevaleceriam contra o povo de Deus porque Ele estava “com”eles (ver Is 10:5-12). Isaías pregou fervorosamente esta mensagem ao povo de Judá e, sem dúvida, muitos aprenderam a confiar em Deus. O rei Ezequias, filho de Acaz, foi um deles. Quando Senaqueribe atacou Judá, Ezequias encorajou o povo com as inspiradoras palavras: “Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos assusteis por causa do rei da Assíria, nem por causa de toda a multidão que está com ele; porque Um há conosco maior do que está. Com ele está o braço da carne, mas conosco, o SENHOR, nosso Deus, para nos ajudar e para guerrear nossas guerras” (2Cr 32:7, 8). Por ele ter confiado, o Senhor esteve com Ezequias e, ao final, 185 mil do exército de Senaqueribe foram mortos numa só noite pelo anjo do Senhor (2Rs 19:35).
10 [o Senhor me disse … que não andasse] pelo caminho deste povo. Isaías não devia ceder à tendência popular de se distanciar de Deus.
Conjuração. Do heb. qesher, “conspiração”, como é traduzida a palavra em mais da metade dos casos (2Sm 15:12; 2Rs 15:15, 30; Ez 22:25; etc.). … Síria e Israel tinham conspirado ou estavam “confederados” contra Judá (Is 7:2, 5, 6), e Acaz, por sua vez, tinha feito aliança com a Assíria contra Israel e Síria (2Rs 16:7-9). Acaz e o povo de Judá temiam a confederação sírio-israelita, ou confederação, e tinham se unido aos pagãos numa tentativa de se contrapor à mesma. Acaz foi repreendido pelo Senhor porque confiou na ajuda dos pagãos em vez de no auxílio divino. Aliar-se com idólatras foi uma ofensa ao Deus dos céus por parte de Seus povo. Deus queria que o povo se mantivesse independente, separado do mundo. Deve-se tomar conselho com Deus e encontrar força nEle. Apenas assim se pode ter a presença do Senhor para concluir Sua obra no mundo. Se o povo de Deus faz alianças com os que não O temem, a política dos homens inevitavelmente pisa os princípios do Céu, e a obra do Senhor sofre. Nossa força não está na associação íntima com o mundo, mas na cuidadosa separação dele.
13 Ao SENHOR dos exércitos, a Ele santificai. Ou, “considerai santo o Senhor dos Exércitos”. Isaías teve uma visão da santidade de Deus (Is 6:1-4), e nesse momento chamava o povo de Judá a reconhecer a santidade do Senhor. A menos que o povo tivesse uma visão da infinita santidade de Deus, jamais poderia alcançar santidade.
Seja Ele o vosso espanto. Ver com. de Dt 4:10; 6:2. Um povo que temesse a Deus não precisaria temer o homem. Acaz estava com medo de Peca e Rezim porque recusou temer ao Senhor. Contudo, o temor de Deus é bem diferente do temor do homem. Temer o Senhor não significa ter medo dEle, mas mostrar-Lhe respeito, confiar nEle e amá-Lo, vir à Sua presença com alegria.
14 Ele vos será santuário. Do heb. miqdash, “lugar sagrado”, “santuário”. Aqueles que temiam ao Senhor (ver com. do v. 13) encontrariam um refúgio do perigo (ver com de Sl 91:1). Isaías tentou desviar o povo de coisas terrenas e aproximá-lo de Deus. Cristo foi o verdadeiro “santuário”de Israel.
Pedra de tropeço. Para os que não conheciam a Cristo, Ele era uma pedra de tropeço e ofensa. Ele estava constantemente no caminho deles, impedindo-os de levar adiante seus planos e cumprir seus desígnios ímpios.
Às duas casas de Israel. Esta frase torna evidente que Isaías se dirige não apenas a Judá, mas também a Israel. Tanto Israel quanto Judá se voltaram contra o Senhor e Sua lei, e encontraram nEle ofensa em vez de o santuário de vida e esperança que Ele prometeu ser.
Laço e armadilha. Se os ímpios pudessem andar sem restrições em seus maus caminhos, logo destruiriam a si mesmos e aos habitantes da Terra. Somente cortando as atividades dos ímpios e colocando algumas restrições sobre eles além das quais não se pode seguir, é que a continuidade da vida é possível na Terra. Todo servo de Deus pode agradecer o fato de Deus ser como laço e armadilha para os ímpios, pois de outro modo não haveria paz, alegria, liberdade ou esperança para os habitantes da Terra.
15 Tropeçarão e cairão. O Senhor está se referindo primeiramente ao povo do tempo de Isaías. Contudo, em todas as eras, os que se rebelam contra Deus e Sua lei também “tropeçarão e cairão”, ao recusarem as advertências da Palavra de Deus. Os que, por falta de discernimento espiritual, não entendem as mensagens da Palavra de Deus, com frequência fazem com que essas mensagens se tornem em tropeço para quem está sob sua influência. Ninguém será enganado se tiver percepção espiritual e amor pela verdade.
16 Resguarda o testemunho. Esta era a tarefa de Isaías. Estas palavras se referem ao antigo costume de atar um documento e selá-lo. … Essa era a forma de confirmar a autenticidade do conteúdo do documento e mantê-lo intacto. Assim deve ser com as palavras de Deus e Sua lei. Isaías tinha dado uma mensagem vital ao povo, a mensagem divina de vida para a nação. Essa mensagem devia ser preservada com diligência. Deus tinha dado a Israel Sua santa lei, e obediência a ela significava vida a toda a humanidade. Era vital que a lei fosse guardada intacta ao longo das eras, que sequer um i ou til fosse mudado ou invalidado por algum motivo (ver com. de Mt 5:17, 18).
17 Esperarei. Isaías é quem fala. Esta é sua resposta pessoal à mensagem de Deus nos v. 12 a 16. Não importa o que os outros fizessem, o profeta afirma seu propósito de obedecer a Deus e encontra nEle confiança e força.
Esconde o Seu rosto. Deus jamais esconde o rosto de forma arbitrária de qualquer nação ou pessoa. No entanto, quando o ser humano Lhe dá as costas, Ele esconde Seu rosto dele (ver Is 59:1, 2). Deus não falará para sempre a quem não quer ouvir. Foi por Israel se recusar a ouvir a Palavra do Senhor e a obedecer à Sua lei que Ele escondeu deles a face. A experiência da nação como um todo é similar à de Saul quando o Senhor já não o ouvia (1Sm 28:6).
A Ele aguardarei. Não importa qual seja a experiência dos outros, Isaías buscaria a Deus, ouviria Suas palavras e andaria nos Seus caminhos (ver Js 24:15).
18 Eis-me aqui, e os filhos. Conforme indica por seus nomes (ver com. de Is 7:14). Isaías e seus filhos tinham sido ordenados por Deus a serem sinais ao povo de Judá. Por meio deles, Deus proclamou uma mensagem vital ao povo. O nome “Isaías” significa “o Senhor salvará”. De fato, o nome de Isaías é o tema do livro que leva seu nome… Com relação às circunstâncias imediatas, isso significava salvação do poder de Israel, da Síria e da Assíria. O nome do primogênito de Isaías, Sear-Jasube, significa “[Um]-Resto-Volverá”, e essa criança com seu nome significava para o povo que um remanescente seria salvo. Deus não iria destruir Judá por completo dessa vez, como planejou fazer com Israel. O nome do segundo filho de Isaías, Maer-Salal-Hás-Baz, significa “Rápido-Despojo-Presa-Segura”. Esse filho era um lembrete constante de que o juízo se aproximava rapidamente e que logo cairia sobre os que rejeitassem a graça de Deus. Para os que eram fiéis e verdadeiros a Ele, a criança Emanuel era a certeza da contínua companhia de Deus.
19 Quando vos disserem. Isaías condena as fontes de conselho nas quais Acaz e muitos em Judá confiavam.
Necromantes. Ver com. de Lv 19:31; Dt 18:11. Por meio de suas iniquidade, os filhos de Israel haviam se separado de Deus, assim como fez Saul, até que o Senhor já não lhes respondia (ver com. de 1Sm 28:6). E, como Saul, o povo buscava demônios para ter direção e ajuda. O espiritualismo prevalecia, como hoje, e o povo buscava a direção dos espíritos.
Murmuram. Do heb tsafaf, “sussurrar”, “chilrear”(ver com. de Lv 19:31). O médium sussurrava. Nestas palavras se nota um tom de ridicularização e desprezo. Os emissários do diabo com frequência empregavam os meios mais sem sentido e degradantes para fazer contato com os espíritos. Ao consultar os espíritos de demônios, as pessoas se tornam como eles em caráter e ações. Satanás exerce influência praticamente ilimitada sobre aqueles que abandonam a “lei”e o “testemunho”(Is 8:20) e preferem ouvir mensagens mais agradáveis dos espíritos maus.
Não consultará o povo ao Seu Deus? Em vez de procurar os médiuns para conselho. Foi o auge da tolice o fato de Israel abandonar a Deus, o autor da vida, e se entregar ao autor da miséria e da morte.
A favor dos vivos se consultarão os mortos? Visto que “os mortos não sabem coisa nenhuma” (Ec 9:5), é óbvio que não podem ser consultados e que qualquer intento de fazê-lo é engano. Não há maior insensatez do que abandonar o Deus vivo e se colocar sob a influência do autor da morte. Aqueles que recusam a verdade porque ela não lhes agrada ficam indefesos contra as mentiras do diabo (ver 2Ts 2:10, 11).
20 À lei. Do heb. torah, indicando toda a vontade revelada de Deus. Este é o termo bíblico comum para os escritos inspirados, em especial os de Moisés (ver com. de Nm 19:14; Dt 4:44; 30:10; 31:9; Pv 3:1; ver vol. 1 [CBASD], p. 13, 14). Isaías desvia a atenção do povo das palavras e sabedoria de homens e de demônios para a sabedoria revelada de Deus. Os profetas de Deus eram suas testemunhas, ou porta-vozes, e o “testemunho”que davam era a mensagem divina de sabedoria e vida. Isaías dirige o ser humano à Palavra de Deus como o padrão da verdade e o guia para o viver correto. Deus se revelou na Sua Palavra. O que quer que alguém diga que não esteja em harmonia com essa Palavra não tem luz em si mesmo (ver com. de Is 50:10, 11).
21 Duramente oprimidos e famintos. Isaías se refere àqueles que rejeitaram Deus e a luz de Sua Palavra, em particular aos que rejeitaram a mensagem profética de Isaías 7 e 8. Todos eles caminhavam pela escuridão, em perplexidade e angústia, ansiando por algo que não sabiam o quê, procurando algo que jamais poderiam encontrar, estando longe de Deus. Em trevas e inquietação, sem luz e sem esperança, irritados por sua situação, culpam os líderes humanos pelo que passam, amaldiçoam a Deus porque colherão os resultados da desobediência. O profeta descreve bem a experiência dos rebeldes de todas as eras. Em Isaías 9:1 a 8, sua visão inspirada contempla brevemente o futuro, o tempo do primeiro advento de Cristo, a luz que dissiparia a escuridão do ser humano com os brilhantes raios do Sol da Justiça (Ml 4:2; ver com. de Mt 1:23).
22 Olharão. Estas pessoas olham para o céu, mas sem perceber Deus ou a luz. Então olham para a terra e encontram apenas angústia de alma e perplexidade. Sem Deus, o mundo é um enigmático labirinto de incerteza e angústia. O Messias, pelo qual o profeta anseia (Is 9:1-7), é a única luz e a esperança de um futuro melhor.
Fonte: CBASD – Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 3.