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Fora do Tempo, Espaço e Matéria

Fora do Tempo, Espaço e Matéria

O Deus que existe antes de tudo o que existe

No princípio de tudo, antes que qualquer estrela brilhasse no firmamento, antes que o som tivesse onde ecoar, antes mesmo que o tempo começasse a correr, havia apenas Deus. Ele não habitava um espaço, porque o espaço ainda não existia. Não havia passado, nem futuro, porque o tempo ainda não pulsava. Nada podia ser tocado, porque a matéria ainda não tinha forma. Havia apenas o Deus eterno, invisível, absoluto, imutável. Ele era o Todo, e ainda assim, estava além de tudo. Ele era o Ser antes do ser, a realidade antes da realidade, a voz que rompeu o silêncio primordial e fez tudo ser. Quando a Bíblia se abre com a simples e poderosa afirmação “No princípio criou Deus os céus e a terra”, ela não apenas conta o início do mundo — ela revela o Deus que está fora de todo início.

Amados irmãos e irmãs, hoje somos convidados a entrar na presença desse Deus que transcende o tempo, o espaço e a matéria. O tema que nos une nesta reflexão é de uma profundidade incomparável, pois toca o próprio coração da existência e desafia os limites da mente humana. Seremos guiados pela Palavra de Deus e pela razão que brota da fé para contemplar o Criador que não apenas deu origem ao universo, mas cuja própria natureza responde a todas as perguntas sobre a origem da vida, da consciência e do cosmos.

Ao olharmos para este tema, nosso coração deve se curvar em reverência, porque não falaremos de teorias, mas do próprio Autor de tudo. Falaremos d’Aquele que não pode ser medido, pesado ou comparado. Falaremos do Deus que é.

A pergunta limite e a premissa falsa: desvendando o erro lógico

Desde os primórdios da filosofia humana, uma pergunta ecoa com insistência: “De onde veio Deus?” Essa questão, usada muitas vezes para desafiar a fé, parece lógica à primeira vista, mas revela um erro fundamental de entendimento. Ela pressupõe que Deus é um ser criado, que Ele existe dentro das mesmas regras que regem o universo que Ele criou. Mas essa suposição é falsa, porque tenta aplicar ao Criador as leis que só existem por causa d’Ele.

Toda vez que perguntamos “de onde veio”, estamos inserindo a ideia de tempo e espaço. Queremos um ponto de origem, um lugar inicial. Mas o Deus da Bíblia não está dentro do tempo nem do espaço; Ele os criou. Se Ele estivesse sujeito a essas dimensões, deixaria de ser Deus e seria apenas mais uma criatura dentro do sistema que Ele mesmo arquitetou.

O erro humano é tentar encaixar o Infinito dentro das molduras da finitude. É como tentar colocar o oceano dentro de um copo. Quando alguém pergunta “quem criou Deus?”, está tentando medir o Imensurável. Está usando a régua da criação para medir o Criador. Mas o nosso Deus é o Ser que define o tempo, que circunscreve o espaço e que fala à matéria dizendo: “Haja”. E tudo passa a existir.

O profeta Isaías descreve a grandiosidade divina dizendo: “Quem mediu com o seu palmo as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e recolheu numa medida o pó da terra, e pesou os montes em balanças e os outeiros em pesos?” (Isaías 40:12). Essa pergunta não é apenas poética; é teológica. Ela nos lembra que Deus é a medida de todas as coisas, mas Ele mesmo está além de toda medida.

Deus não é um ser dentro do tempo. Ele é o autor do tempo. Não é um corpo no espaço. Ele é o criador do espaço. Ele não precisa de matéria, pois é o Espírito que dá origem à matéria. E é por isso que perguntar “de onde Ele veio” é uma contradição. Ele não veio. Ele sempre foi.

O contínuo inseparável: tempo, espaço e matéria

Para entendermos o poder de Deus sobre a criação, precisamos compreender como o universo é formado. Tempo, espaço e matéria são inseparáveis. Nenhum pode existir sem o outro. Se houvesse matéria, mas não houvesse espaço, onde ela estaria? Se houvesse matéria e espaço, mas não tempo, quando eles existiriam? Tudo o que conhecemos está preso dentro desse contínuo chamado de tempo, espaço e matéria — o T/E/M.

Esses três elementos nasceram juntos. Nenhum é pai do outro. E isso significa que houve um momento em que eles não existiam. Um momento em que só havia Deus. Um momento fora do tempo, porque o tempo ainda não havia começado. Foi então que Ele disse: “Haja”, e o universo passou a pulsar.

Se tempo, espaço e matéria começaram juntos, a causa que os gerou precisa estar fora deles. Isso significa que o Criador é atemporal, aespacial e amaterial. Ele é espírito, eterno e infinito. Ele não depende da criação para existir; a criação depende d’Ele para continuar existindo. Paulo expressa isso com clareza em Colossenses 1:17: “Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele.”

Deus é o fundamento da realidade. Tudo o que existe, existe porque Ele existe. Tudo o que é belo, reflete Sua beleza. Tudo o que é ordenado, reflete Sua mente. Tudo o que é justo, reflete Seu caráter.

Gênesis 1:1 – A trindade de trindades

A beleza do primeiro verso da Bíblia é tão profunda que até mesmo a ciência moderna se curva diante dele. Em apenas dez palavras, Deus revela o segredo do universo: “No princípio criou Deus os céus e a terra.” Aqui estão os três pilares da existência: tempo, espaço e matéria.

“No princípio” — o tempo.
“Os céus” — o espaço.
“A terra” — a matéria.

E dentro de cada um desses pilares há uma trindade interna:
O tempo é composto de passado, presente e futuro.
O espaço é composto de altura, largura e profundidade.
A matéria existe em estado sólido, líquido e gasoso.

A criação é uma “trindade de trindades” que reflete a própria natureza triúna de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Em cada dimensão do universo, há uma assinatura divina. É como se o Criador tivesse deixado Sua marca em cada detalhe, dizendo: “Eu estive aqui.” Quando olhamos para a ordem, a beleza e a simetria do cosmos, não vemos acaso, mas propósito. Vemos a mente de um Deus que pensa em harmonia.

E se Ele criou o tempo, o espaço e a matéria, então Ele está fora deles. Isso é o que torna o nosso Deus tão diferente de todos os deuses inventados pela mente humana. Ele não é um ser aprisionado no tempo, que nasce, cresce e morre. Ele é o Eterno Presente, o Eu Sou.

A transcendência do Criador: fora, acima e através da criação

O Criador não está dentro da criação, Ele está acima dela. A Bíblia diz em Isaías 57:15: “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: habito no alto e santo lugar, mas também com o contrito e abatido de espírito.” Ele habita na eternidade, mas se inclina para estar conosco. É transcendente, mas também imanente. Está fora de tudo, mas age em tudo.

Imagine um programador que cria um sistema complexo. Ele não precisa entrar dentro do computador para fazê-lo funcionar; ele o governa de fora. Assim é Deus. Ele criou o universo com leis perfeitas e o sustenta com o poder de Sua palavra. Mas, diferente de um programador humano, Deus não é apenas o autor — Ele também é o mantenedor. Ele sustenta todas as coisas com a força do Seu querer.

O salmista declara: “Desde a eternidade até a eternidade, Tu és Deus.” (Salmo 90:2). Essa é uma das afirmações mais sublimes das Escrituras. Deus não é afetado pelo tempo; Ele o domina. Ele não está preso no espaço; Ele o preenche. Ele não é matéria; Ele é Espírito. É por isso que Jesus disse à mulher samaritana: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (João 4:24).

O Deus que habita fora da criação é também aquele que se manifesta dentro dela. Ele está no controle absoluto da história, e nada escapa ao Seu olhar. Ele é o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente.

O dilema da materialidade e a força do espiritual

O cético pergunta: “Como algo espiritual pode afetar algo material?” A resposta está diante de nós. O próprio ser humano é um exemplo vivo dessa interação. Temos corpo e alma. Temos mente, vontade e emoção — todas forças espirituais que influenciam diretamente o corpo físico.

O amor pode alterar o ritmo do coração. O medo pode paralisar o corpo. A esperança pode trazer cura. Se forças invisíveis como emoção e pensamento podem afetar a matéria, por que seria impossível que Deus, o Espírito Supremo, criasse e sustente o universo físico?

O materialismo tenta reduzir o homem a um amontoado de reações químicas, mas essa ideia destrói a própria base da razão. Se nossos pensamentos são apenas produtos do acaso, como podemos confiar neles para concluir qualquer verdade? O raciocínio humano é a evidência de que existe uma Mente Superior. A racionalidade aponta para a racionalidade divina.

Deus nos criou com capacidade de pensar porque Ele pensa. Ele nos deu emoção porque Ele ama. Ele nos deu vontade porque Ele age. A presença dessas dimensões imateriais em nós é uma prova de que fomos criados à imagem de um Deus espiritual.

A grandeza do Deus não confinável

Nosso Deus não pode ser contido. Ele é ilimitado em poder, sabedoria e presença. Jeremias 23:24 diz: “Porventura, ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o Senhor. Porventura, não encho eu os céus e a terra?” Ele está em toda parte, mas não está limitado a parte alguma.

A fé cristã é, ao mesmo tempo, lógica e reveladora. É lógica porque a existência de um Deus eterno é a única explicação racional para a origem do universo. E é reveladora porque esse Deus escolheu se manifestar a nós, tornando-se acessível por meio de Jesus Cristo. A eternidade entrou no tempo, o infinito se fez carne, o criador entrou na criação para redimi-la.

E aqui está o maior mistério: o Deus que está fora do tempo decidiu entrar no tempo para nos salvar. O Deus que é imortal experimentou a morte. O Deus que é Espírito tomou forma humana. Jesus é a ponte entre o eterno e o temporal. Nele, o infinito e o finito se encontram. Nele, o Criador se torna o Redentor. Ele é a prova viva de que Deus não é apenas transcendente, mas também pessoal. Ele está fora de tudo, mas escolheu estar conosco.

Quando Cristo morreu na cruz, o tempo e a eternidade se tocaram. O sangue que escorreu sobre a terra abriu a porta da eternidade para todos os que creem. E quando Ele ressuscitou, o tempo perdeu seu poder, porque a morte foi vencida. Aquele que está fora do tempo venceu o que o tempo traz de pior: a morte.

A fé que reconhece o infinito

Quando contemplamos o Deus eterno, somos confrontados com a nossa limitação. Não podemos entender plenamente o que é ser eterno. Não conseguimos imaginar o que é existir fora do tempo. Mas é justamente aí que nasce a fé. A fé é o reconhecimento de que Deus é maior do que o que podemos compreender. É confiar no que não cabe na razão, mas que preenche o coração.

Se pudéssemos entender completamente Deus, Ele deixaria de ser Deus. A incompreensibilidade divina é a garantia de Sua grandeza. A mente humana não pode conter o infinito, mas pode adorá-lo. E é por isso que adoramos. Porque quanto mais conhecemos de Deus, mais percebemos o quanto Ele é inatingível e, ao mesmo tempo, próximo.

O salmista expressa isso de forma sublime: “Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim; elevado é, não o posso atingir.” (Salmo 139:6). Deus é insondável, e isso é a beleza da fé.

Apelo: o Deus eterno quer habitar em você

Meu irmão, minha irmã, o Deus que está fora do tempo, do espaço e da matéria não é um conceito filosófico distante. Ele é uma Pessoa viva. E Ele quer estar com você. Ele quer morar em seu coração, guiar sua vida e dar-lhe eternidade.

O mesmo Deus que criou as galáxias se inclina para ouvir a sua oração. O mesmo Deus que definiu os limites do espaço e do tempo quer te libertar dos limites do pecado. Ele não é um ser longínquo, Ele é o Pai que te ama, o Filho que te salvou e o Espírito que habita em você.

Há quem viva tentando entender Deus antes de crer n’Ele. Mas o caminho é o inverso. Primeiro creia, e então você verá. Primeiro se renda, e então compreenderá. A fé não é a negação da razão; é a porta que a razão não consegue abrir sozinha.

Talvez você tenha se sentido pequeno demais para ser notado por um Deus tão grande. Mas é justamente essa grandeza que O torna capaz de te amar. Um Deus finito não poderia cuidar de bilhões e ainda conhecer seu nome. Mas o Deus eterno pode. E Ele o faz. O mesmo Deus que mantém o universo em ordem mantém seu coração batendo agora.

Hoje Ele te chama a viver não apenas dentro do tempo, mas para além dele. Ele te chama para a eternidade. Ele te convida a se render ao Deus que é, que era e que há de vir. Aquele que criou todas as coisas quer recriar a sua vida.

Abra o coração. Deixe que o Deus eterno entre em sua história. Permita que o Criador do tempo transforme o seu tempo. Permita que o Senhor do espaço ocupe o espaço mais íntimo da sua alma. Permita que o Autor da matéria refaça o barro do seu coração e sopre sobre ele o fôlego de uma nova vida.

Feche seus olhos por um instante e pense: o mesmo Deus que criou o universo com uma palavra quer agora falar ao seu coração. Ouça Sua voz. Ele diz: “Eu te amei com amor eterno; com amor leal te atraí.” (Jeremias 31:3).

Ele te ama, não por um instante, mas por toda a eternidade. E tudo o que Ele pede é que você o deixe ser o Senhor da sua vida.

Hoje é o dia de se entregar ao Deus que está fora do tempo, mas que age no tempo para te salvar.

Hoje é o dia de reconhecer o Criador que não pode ser medido, mas pode ser sentido.

Hoje é o dia de dizer: “Senhor, eu te entrego o meu tempo, o meu espaço e a minha vida.”

E quando o fizer, você descobrirá que o Deus eterno não apenas criou o universo — Ele criou você para viver com Ele, para sempre.

Amém.