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Sermão: Tempo de Pertencer

Relógio antigo iluminado por luz dourada simbolizando o tempo com Deus

Sermão: Tempo de Pertencer

Base: “Se você não tem tempo para Deus, você não terá tempo para ser dEle.”

Introdução – O Relógio da Vida

Vivemos em uma geração que corre, mas não sabe para onde. O relógio se tornou um deus invisível, ditando cada passo da humanidade. É o símbolo do mundo moderno — sempre apressado, sempre atrasado, sempre cansado.
Há tempo para tudo: para trabalhar, para estudar, para responder mensagens, para rolar o feed das redes sociais, para ver séries. Mas quando alguém pergunta sobre tempo para Deus, a resposta vem rápida, quase automática: “Eu queria, mas não tenho tempo.”

E é aqui que a frase ressoa como um alerta:
“Se você não tem tempo para Deus, você não terá tempo para ser dEle.”

Porque o tempo é o espelho do coração. O tempo revela o que amamos. Ninguém precisa dizer qual é sua prioridade — basta olhar onde o tempo é investido.
Jesus afirmou:
“Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mateus 6:21)
O tempo é a moeda mais preciosa da vida. E Deus observa onde a gastamos, porque o modo como usamos o tempo revela a quem pertencemos.

Há uma história real contada por um pastor norte-americano. Ele visitou uma senhora idosa de sua igreja, que vivia sozinha. Ao chegar, viu sobre a mesa uma Bíblia gasta, marcada em muitas páginas.
Ele perguntou:
— A senhora ainda consegue ler?
Ela respondeu com um sorriso:
— Leio pouco, pastor. Mas passo muito tempo conversando com Deus.
E ele disse:
— Quantas horas por dia?
Ela respondeu:
— Ah, eu já nem conto… É que depois de tanto tempo com Ele, o relógio deixa de fazer sentido.

Essa mulher entendeu algo que muitos jovens ainda não entenderam: tempo com Deus não é gasto — é investido.

1. O Tempo Revela a Quem Pertencemos

Deus nunca pediu apenas palavras; Ele pediu tempo.
No Éden, antes do pecado, o Criador visitava o homem e a mulher “na viração do dia” (Gênesis 3:8). Esse verso revela o desejo divino: comunhão.
Adão e Eva tinham o universo inteiro para explorar, mas Deus separava um momento só para estar com eles.
E quando o pecado entrou, a primeira coisa que o homem perdeu foi o tempo com Deus.
Eles se esconderam.
E Deus perguntou: “Onde estás?”

Essa é a pergunta que ecoa até hoje — não no espaço, mas no tempo.
Onde estás na tua comunhão?
Onde estás nas tuas manhãs, nas tuas orações, nos teus sábados?

O inimigo não tenta roubar a fé de uma vez. Ele começa roubando o tempo.
Rouba minutos de oração, horas de leitura, e quando percebemos, a alma já está distante.
Deus continua chamando: “Onde estás?”
E muitos respondem sem perceber: “Estou ocupado demais para Ti.”

Mas se você não tem tempo para Deus, logo não terá tempo para ser dEle.
Porque o tempo não é apenas uma questão de agenda, é uma questão de pertencimento.

2. O Tempo é o Sinal do Relacionamento

No Antigo Testamento, Deus estabeleceu tempos sagrados — o sábado, as festas, o ano sabático. Não para cansar o povo, mas para lembrá-los de que o tempo também é santo.
Em Êxodo 31:13, o Senhor declarou:
“Certamente guardareis os meus sábados; porque isso é um sinal entre mim e vós, nas vossas gerações, para que saibais que eu sou o Senhor que vos santifica.”

O sábado é um lembrete semanal de que o tempo pertence a Deus.
É o sinal de quem é dEle.
Quando separamos tempo para Deus, declaramos: “Eu Te pertenço.”
Mas quando o tempo com Ele desaparece, a identidade espiritual se dissolve.

Ellen G. White escreveu:

“O sábado é um sinal de lealdade a Deus, um memorial de Sua obra criadora e redentora. Os que o guardam demonstram que pertencem ao Reino de Cristo.”
(Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 17)

Em outras palavras, o tempo que dedicamos a Deus é o selo do nosso amor.
E o que o mundo moderno tem feito é roubar esse selo.
Hoje há cristãos que não têm tempo para orar, nem para estudar a Bíblia, nem para estar com a família, nem para ir à igreja — mas têm tempo para tudo que os afasta de Deus.

Sabe o que é mais triste? Muitos não percebem que estão trocando o Eterno pelo imediato.

3. O Inimigo Não Rouba o Que Você Rejeita, Ele Rouba o Que Você Esquece

Satanás é astuto. Ele não te convence a negar Deus — ele apenas te convence a adiar.
Ele sussurra: “Ore mais tarde.”
“Leia amanhã.”
“Depois você vai à igreja.”
E assim, o tempo passa, o coração esfria, e a fé morre de inanição.

Ellen G. White alerta:

“Satanás bem sabe que todos quantos ele puder induzir a negligenciar a oração e o estudo das Escrituras serão vencidos por seus ataques.”
(O Grande Conflito, p. 519)

A estratégia é simples: distração.
O inimigo não precisa destruir o cristão ativo — basta torná-lo ocupado demais.
O diabo sabe que a alma distraída é terreno fértil para a dúvida e o pecado.

Em Lucas 10:38–42, Marta representa o ativismo religioso. Corria de um lado para o outro, servindo a Jesus, mas sem tempo para Jesus.
Maria, por outro lado, se assentou aos pés dEle.
E o Mestre declarou:
“Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.”
Marta servia ao Senhor com as mãos; Maria o adorava com o coração.
E é possível fazer muito por Deus e, ainda assim, não ser dEle.

A diferença está no tempo de comunhão.

4. O Tempo com Deus Transforma o Caráter

O que você contempla, você se torna.
Quando passamos tempo com Deus, Sua presença molda o coração.
Moisés permaneceu quarenta dias no monte, e quando desceu, seu rosto brilhava (Êxodo 34:29).
Ele não percebeu a transformação, mas os outros viram.
O mesmo acontece conosco — quanto mais tempo na presença de Deus, mais Sua luz se reflete em nós.

Um jovem contou certa vez que perdeu o pai ainda na adolescência. Ele cresceu revoltado, mergulhado em trabalho e distrações.
Um dia, um amigo o convidou para um culto.
Durante a mensagem, o pregador falou sobre “o Pai que nunca abandona.”
Aquelas palavras atravessaram sua alma.
Ele voltou para casa, ajoelhou-se e orou pela primeira vez em anos.
Não sentiu nada extraordinário, mas no dia seguinte, decidiu continuar orando.
Uma semana virou um mês, um mês virou um ano — e aquele jovem se tornou missionário.

Quando perguntaram o que mudou, ele respondeu:
— Eu parei de viver sem tempo para Deus. E quando comecei a dar tempo para Ele, Ele me deu um novo coração.

Tempo com Deus não é perda; é transformação.

5. O Tempo com Deus é o Ensaio da Eternidade

O céu é o lugar onde o tempo deixa de correr e passa a adorar.
Lá, não haverá relógios, apenas comunhão eterna com o Criador.
E se não temos tempo para Deus aqui, como desfrutaremos da eternidade com Ele?

Paulo escreveu em Efésios 5:15–16:
“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus.”
Remir o tempo é resgatar aquilo que o pecado roubou — o tempo de oração, o tempo de descanso espiritual, o tempo de comunhão com a família.

Não existe cristianismo sem tempo.
Não há crescimento espiritual em quem vive correndo e nunca para para ouvir Deus.
O tempo com Ele é o que nos prepara para o encontro com Ele.

6. Quando o Tempo é Redimido, a Vida se Alinha

Talvez você tenha percebido que o tempo anda te escapando.
Você quer orar, mas dorme.
Quer estudar a Bíblia, mas o cansaço vence.
Quer ir à igreja, mas o trabalho grita.
E no fundo, sente que algo está errado — porque a alma foi feita para a presença de Deus.

Jesus não veio apenas redimir pecados, veio redimir o tempo.
Ele transforma horas vazias em momentos de eternidade.
Cada oração é um pedaço de céu dentro do caos.
Cada estudo é uma janela aberta para o trono.
Cada sábado é um lembrete de que o tempo, no fim, pertence ao Criador.

7. O Relógio de Deus Ainda Está Aberto

Há uma cena comovente no livro de Apocalipse 3:20:
“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.”
Deus não invade, Ele espera.
Ele está batendo, não apenas à porta do coração, mas à porta do tempo.
Ele espera ser convidado para o teu dia.
Para as tuas manhãs, tuas decisões, teus relacionamentos.

E se você parar para pensar, o que realmente impede esse tempo com Ele?
Será o cansaço? Ou o desinteresse?
Será a correria? Ou a prioridade errada?
Deus não quer o que sobra do seu tempo; Ele quer o primeiro minuto — o primeiro pensamento, o primeiro amor.

Amanhã, talvez o despertador toque e a rotina comece de novo.
Mas hoje, aqui, o Espírito Santo está te chamando a ajustar o relógio do coração.

Conclusão – O Tempo é Santo

Deus é dono do tempo.
E Ele te dá, a cada manhã, 24 horas novas.
O que fazemos com elas revela a quem servimos.
Dar tempo a Deus é mais do que uma disciplina — é um ato de amor.
Porque ninguém dá tempo a quem não ama.

O profeta Isaías escreveu:
“Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” (Isaías 55:6)
Isso significa que o tempo da graça ainda está aberto. Mas não para sempre.
O relógio espiritual está contando.
E um dia, o tempo vai acabar.
E quando o relógio da graça soar pela última vez, só pertencerão a Deus aqueles que viveram com Ele no tempo.

Apelo – Um Chamado para Reorganizar o Relógio

Talvez você tenha se sentido distante. Talvez perceba que está vivendo sem tempo para o Criador.
Mas Deus te trouxe aqui para dizer: “Eu ainda espero por você.”

Ele não exige longas orações nem horas de leitura — Ele quer o coração presente.
Cinco minutos sinceros com Deus valem mais do que um dia inteiro de distração espiritual.
Hoje, o Espírito Santo te convida a recuperar o tempo perdido, a refazer o altar da comunhão, a redescobrir o prazer de estar na presença do Senhor.

Porque se você não tem tempo para Deus, você não terá tempo para ser dEle.
Mas se você entrega teu tempo a Ele, Ele te dá a eternidade.

Feche os olhos por um instante.
Sinta o toque do tempo da graça.
O relógio de Deus ainda está marcando misericórdia.
E a próxima hora pode ser o recomeço da tua história.