A perseguição aos cristãos na Nicarágua


Nota: A Nicarágua é um país da América Central que está sob um regime de extrema esquerda. Os cristãos nicaraguenses, em sua maioria católicos, estão sofrendo repressões cada vez mais maiores e mais intensas por parte do regime ditatorial de Daniel Ortega. Templos, rádios, outros prédios foram fechados. Os fiéis são constantemente vigiados, muitos padres e pastores foram presos, torturados e alguns expulsos do país, há vários relatos de cristãos que foram sequestrados e mortos. A ditadura é apoiada abertamente pela esquerda brasileira e latino-americana. O texto abaixo aborda fatos reais. A matéria foi publicada em 24/09/2022 pela Revista Oeste. 


Ronmel Lopez, 43 anos, nasceu em Estelí, a cerca de 150 quilômetros ao norte de Manágua, capital da Nicarágua, ano em que a esquerda chegou ao poder por meio da Revolução Sandinista. Momentos de sua vida foram bastante conturbados. “Testemunhei a opressão da década de 1980 contra as pessoas e a igreja”, contou Lopez. “Vi boa parte da destruição do meu país naquele tempo.”

“Quando eu estava na escola, tinha medo de os militares virem atrás de mim”, desabafou Lopez, ao recordar-se dos tempos de estudante na capital. Segundo ele, durante muitos anos, teve de conviver com uma “guerra interna”, pessoas baleadas e viu até mesmo amigos e familiares serem mortos pelos sandinistas.

Aos 18 anos, Ronmel conseguiu sair da Nicarágua. Atualmente, ele vive em Los Angeles e se tornou porta-voz da Sociedade Civil para a Questão Digital, uma organização de direitos humanos atenta às violações em seu país. Ronmel ainda tem parentes e conhecidos na Nicarágua, que convivem com a escalada de tensões do regime de Daniel Ortega. “Faço o que posso por eles”, disse.

Há tanto tempo longe de casa, o ativista nem sequer conseguiu velar o pai, vítima da covid-19. Isso porque Lopez é monitorado pelo regime de Ortega, em razão de sua militância, e teme que algo pior possa acontecer com ele e sua família.

O dia a dia dos parentes e amigos de Ronmell é a realidade da maioria da população nicaraguense, que, há anos, sofre com a uma economia debilitada e a falta de democracia, visto que Ortega está há quase duas décadas no comando.

Prisões de opositores, perseguição a igrejas e à imprensa marcam a ditadura. Pelo quarto mandato consecutivo, com eleições duvidosas, Ortega luta para controlar as manifestações, que se intensificaram nos últimos quatro anos.

Recentemente, bispos e fiéis cristãos (religião dominante no país) foram presos, e até a CNN local sofreu censura por emitir críticas ao regime extremista.

Início da perseguição a cristãos na Nicarágua

Desde 2018, quando os protestos se intensificaram, a Igreja Católica sofreu mais de 190 ataques no país, segundo relatório do Observatório Anticorrupção e Transparência encaminhado à Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, na sigla em inglês). No fim de agosto, o regime prendeu o bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez, e outras sete pessoas — quatro sacerdotes, dois seminaristas e um funcionário da diocese.

Entre as ações do regime contra a igreja, houve o fechamento de canais de televisão católicos, a expulsão de missionários e a perseguição a padres e bispos. Cerca de 20% dos ataques envolveram assaltos, destruição de ambientes religiosos, incêndio criminoso e invasão de propriedade privada.

No final de junho, dois canais de televisão católicos, Merced e Canal San José, foram retirados do ar. Outros já tinham sido bloqueados em maio. De acordo com o relatório, desde que as igrejas abriram as portas para socorrer estudantes e familiares que se manifestavam pela renúncia de Ortega, em 2018, a perseguição à Igreja Católica aumentou na Nicarágua.

“Antes de abril de 2018, a Igreja estava sujeita a abusos esporádicos”, observou o documento. “Após essa data, a hostilidade aumentou tanto em número quanto em grau. A linguagem ofensiva usada pelo casal presidencial contra a hierarquia católica se tornou mais clara e comum, e as ações de instituições públicas contra as obras de caridade da Igreja também aumentaram.”

No começo de junho, 101 instituições de caridade foram fechadas, entre elas, a Associação das Missionárias da Caridade de Madre Teresa de Calcutá, onde freiras se dedicavam a servir os mais pobres e administravam um lar para idosos. Além disso, o regime acabou com uma creche para filhos de mães carentes e um abrigo para crianças abandonadas e vítimas de abuso.

O aumento da temperatura na Nicarágua fez com que a ONG Portas Abertas, que mapeia a perseguição a cristãos no mundo, inserisse o país na lista de nações em observação — uma etapa antes de entrar para a Lista Mundial da Perseguição, que elenca 50 países onde a perseguição é mais acentuada. “A igreja, que tradicionalmente se opõe a regimes de força, tornou-se alvo do regime por acolher os manifestantes”, constatou Marco Cruz, presidente da Portas Abertas.

cristãos na nicarágua

Cruz defende uma intervenção pacífica da comunidade internacional naquele país, como acolhimento de fiéis e diálogo em prol da paz. “Só em 2021, 22 líderes cristãos foram detidos por Ortega”, lembrou. “Em 11 de agosto, 12 cristãos sofreram agressões por parte de agentes do regime. Insustentável, essa situação requer atenção de outros países.”

Nas redes sociais, internautas fizeram um paralelo com as manifestações no Chile, em 2020, quando extremistas de esquerda queimaram duas igrejas católicas na capital, Santiago. Francisco Borba, professor universitário e coordenador de projetos do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, afirma que, embora pareçam semelhantes à primeira vista, as situações são distintas, visto que, na Nicarágua, a queda de braço entre Igreja e governo ocorre há algum tempo. “Muitas pessoas que estavam na manifestação do Chile nem sequer sabiam o que estavam fazendo lá”, disse o especialista, ao mencionar que o país não tem histórico acentuado de perseguição. “Na Nicarágua, a indisposição do governo com os cristãos é mais clara e ocorre há mais tempo. Os dois lados sabem o que um pensa sobre o outro.”

Nesta semana (20/09/2022), durante discurso na Organização das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro anunciou um plano para acolher fugitivos da perseguição. “Quero aqui anunciar que o Brasil abre suas portas para acolher os padres e freiras católicos que têm sofrido perseguição do regime ditatorial da Nicarágua”, anunciou. “O Brasil repudia a perseguição religiosa no mundo.”

Veja a reportagem completa da Revista Oeste através deste link.

Fonte: Revista Oeste

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Boletim Coppolla - Liberdade religiosa, ditadura na Nicarágua e Lula


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