Por que a escatologia raramente costuma ser pauta no contexto progressista?

“A não ser que Deus deteste o pecado e o mal com grande repugnância, Ele não pode ser um Deus de amor.” D. C. K. Watson

escatologia

Escatologia (estudo dos últimos eventos que antecedem a volta de Jesus) raramente costuma ser pauta no contexto progressista e da teologia liberal. Por quê? Simples, porque seu conceito de salvação limita-se à mera aceitação social ou a uma solução definitiva para pulverizar preconceitos e estabelecer uma sociedade igualitária em todos os aspectos. Dessa forma, o Cristo que rompe as nuvens do céu para pôr fim a um mundo de pecado e estabelecer um juízo definitivo não é mais atraente do que um governo humano que suposta e utopicamente ofereça soluções para os dilemas humanos. Nesse cenário, as Escrituras estão em segundo plano em relação aos direitos humanos (que são fundamentais); sua inspiração deve ser filtrada culturalmente e seus termos e sentenças atualizados, a fim de que não confrontem abertamente as ideologias de estimação.

Quando analisamos iniciativas como o Great Reset, do Fórum Econômico Mundial; o capitalismo inclusivo defendido pelo papa Francisco; as ideias do Sínodo da Amazônia; e as velhas propostas da Teologia da Libertação, percebemos que dali está ausente o Cristo que vem colocar fim a toda injustiça e enxugar dos olhos toda lágrima. O único Cristo presente nos discursos é o revolucionário que morreu não para destruir o reino das trevas, mas para abalar as estruturas políticas de Seu tempo, servindo, assim, de inspiração para os revolucionários e subversivos de hoje. Um Messias estereotipado coberto por camadas de verniz ideológico oriundo de teologias diversas; não o Cristo que perdoa e convida a uma vida de santidade com base nas Escrituras que constituem a verdade, uma vez que elas testificam dEle, que é a verdade em pessoa. O Jesus progressista é o mestre que entende e aceita, em lugar de receber para transformar. É o taumaturgo das bandeiras sociais que conforta e entende, em lugar de confrontar, incomodar e mostrar o caminho estreito da renúncia.

Conforme escreveu C. S. Lewis, os que mais pensam no Céu são os mais ativos na Terra. Nossa crença escatológica não nos torna inertes nem alheios ao sofrimento dos que nos rodeiam. Muito pelo contrário, nos faz pensar que temos que erguer o caído, caminhar com ele e fazer com que olhe para o Alto, de onde vem a esperança definitiva e real. Nos faz entender que devemos viver à luz de conselhos inspirados como o de Paulo em Tito 2:11-13: precisamos viver uma vida santa, coerente e de renúncia das paixões mundanas, enquanto aguardamos a vinda do nosso Deus e Salvador Jesus.

(Matheus Amaral e Michelson Borges)

Nota do jornalista Davi Boechat: “Para além das causas já apontadas, podemos encontrar boas observações do filósofo político Eric Voegelin. Esse intelectual católico é responsável pelo conceito de imanentização da escatologia. Isto é, para Voegelin, as ideologias seculares promoveram o esvaziamento da crença no fim glorioso da história. Ao invés da volta de Jesus, pensam no fim do sofrimento e do mal no mundo por meio da ação humana. Normalmente, essa esperança é depositada na justiça social executada pela ingerência do Estado; outras vezes na capacidade de organização humana na economia. Dessa forma, as ideologias, desde o marxismo até o objetivismo, apresentam-se como concorrentes na oferta de esperança para a salvação. Em todo caso, mentes e corações são conquistados e atraídos para as esperanças políticas, desvanecendo as promessas da Escritura. E se as esperanças migram para a política e a economia, acompanhado vai o proselitismo. Dessa forma, não só a escatologia é afetada pela imanentização, mas também a soteriologia e ainda a visão de missão missionária. As implicações da junção entre ideologias e fé cristã são, de fato, graves em vários níveis.”

Fonte: Outra Leitura


Nossas Mídias:  Youtube - Instagram - Facebook - Grupos Whatsapp/Telegram

Postagem Anterior Próxima Postagem